Tuesday, November 14, 2023

De Sampa a Ribeirão: entre sombras e a melancolia ardente

Neste retorno ao passado silencioso que permeou minha vida por dezessete longos anos, é inevitável questionar o papel deste blog, que nunca foi exuberante ou repleto de vitalidade. A notificação do Blogspot, anunciando o iminente desaparecimento deste espaço, parece justo para algo que muitos poderiam considerar irrelevante. No entanto, essa notificação agiu como um despertar, trazendo-me de volta às raízes da minha existência e à essência da escrita.

Dezessete anos se passaram, uma eternidade que pareceu pairar sobre minha alma, como se minha voz tivesse sido condenada a vagar pelos corredores solitários da memória. Este blog, desde o seu início, foi uma resposta ao caos caótico que é São Paulo, uma cidade que absorveu minha essência e me deixou à deriva. "Morte e Vida Paulicéa" nasceu do meu grito de angústia, uma lamentação pelas barreiras intransponíveis que todos enfrentamos. As ameaças que espreitam em cada esquina, em cada praça, em cada estação de desespero dessa cidade.

No labirinto de ruas repletas de rostos anônimos e corações endurecidos, os cidadãos correm em busca de migalhas de esperança, porém, muitas vezes, encontram apenas o vazio e o amargor. Neste bastião aparentemente inútil da cidade, me encontrava sem esperança e sem contentamento. Estava ali, vazio e infeliz, espreitando o que o próximo dia traria, como um sobrevivente que busca desesperadamente um vislumbre de significado em meio ao caos.

Hoje, contudo, estou distante da tumultuada São Paulo, tendo me mudado para Ribeirão Preto há pouco mais de um ano. Esta mudança abrupta me forçou a questionar o que realmente importa: ser ou não ser em São Paulo? Em Ribeirão Preto, encontro uma atmosfera carregada de melancolia, onde o tempo parece passar mais lentamente. Esta cidade, de alguma forma, acolheu-me em seus braços, e é sobre essa transformação, essa jornada inesperada, que desejo compartilhar com vocês.

Acompanhem-me enquanto mergulho nas profundezas da mudança, enquanto reavalio meu passado em São Paulo e abraço um presente que se desdobra lentamente. Permitam-me guiá-los por este labirinto de emoções, onde o passado e o presente se entrelaçam, e onde a incerteza da transformação é equilibrada pela busca contínua por significado.


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